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MPRJ realiza evento 'Tecnologia, Inovação e Sustentabilidade: o que o Brasil tem a aprender com a China?'
Publicado em Fri Aug 16 20:28:05 GMT 2019 - Atualizado em Fri Aug 16 20:27:33 GMT 2019

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Laboratório de Inovação (Inova/MPRJ) e do Instituto de Educação e Pesquisa (IEP/MPRJ), realizou, na manhã de sexta-feira (16/08), o encontro de debates com o tema  ‘Tecnologia, Inovação e Sustentabilidade: o que o Brasil tem a aprender com a China?’. O evento foi conduzido pelo promotor de Justiça Daniel Lima Ribeiro, coordenador do Inova/MPRJ, e contou com a presença do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, que destacou, logo em sua fala de abertura, a importância da inovação para a transformação da sociedade brasileira e, em especial, para as instituições que compõem o sistema de Justiça.
 
“Nós temos muito a aprender com a experiência que nossos palestrantes de hoje tiveram na China. O MPRJ vive momento de transformação digital. Adotamos a linha de governos abertos, que contempla valores como transparência, integridade, participação cidadã, tecnologias e inovações. Isso é muito significativo e transformador para uma instituição como a nossa, que compõe o sistema de Justiça que, em geral, mantém práticas ainda do século XIX. Por isso, ao ter na sua estrutura um espaço dedicado à inovação, o MPRJ mostra que não parou no tempo e no espaço, e segue em busca de novas formas de atuação. Historicamente, sempre atuamos processo por processo e, definitivamente, isso não funcionou. Perdemos para o grande volume e não recuperamos nenhum espaço degradado. É preciso, pois, inovar. Por isso, repito sempre a frase ‘o que nos trouxe até aqui não nos levará adiante’”, afirmou o PGJ.
 
Coordenador do INOVA/MPRJ, Daniel Lima Ribeiro agradeceu a presença dos palestrantes e da plateia, que praticamente ocupou todos os lugares disponíveis no Foyer do 9º andar do edifício-sede do MPRJ. “Nada mais apropriado do que iniciar a realização de nossos eventos de debates com o relato dessas experiências na China. Estou muito curioso em conhecer o que há de inovação no país, e o que podemos adaptar para nossa realidade. O Inova/MPRJ nasceu há pouco tempo, e temos muito a aprender, enquanto instituição que defende os interesses da sociedade, sobre realinhamento de atuação e aceleração da mudança digital, a partir do acesso e da exploração científica dos dados, com o potencial e a responsabilidade que essa prática exige”, pontuou. 
 
A primeira palestra foi proferida por Lucas Marques, diretor de Operações do Méliuz, startup brasileira, criada em 2011, que disponibiliza gratuitamente em sua plataforma cupons de desconto de lojas online e devolve ao consumidor, em dinheiro, parte do valor gasto em compras direto na conta bancária. Ele tratou do tema ‘A China pela visão de um empreendedor (apavorado)’. “O ambiente de inovações é, naturalmente, repleto de incertezas. Aos poucos, a China percebeu que precisava deixar as startups testarem, para só depois regular o setor. Algumas questões, em especiais, me preocupam, na comparação do Brasil com a realidade chinesa, como a nossa falta de programadores de computação e o uso restrito da Inteligência Artificial, recurso que depende fundamentalmente de dados, o que ainda é um problema no Brasil, mas não na China. Lá, eles estão pouco se importando com a questão da privacidade. Governo e empresas têm acesso a praticamente tudo”, relatou, ciente dos perigos desse cenário, mas também destacando a importância dos algoritmos no campo de atuação do MPRJ para, por exemplo, ‘enxergar’ casos suspeitos de corrupção que os olhos humanos não seriam capazes de detectar. 
 
Na sequência, a promotora de Justiça e mestre em Direito pela Uerj, Bárbara Luiza Coutinho do Nascimento, apresentou ‘Cidades vigiadas, cidades protegias: pode a tecnologia ampliar a segurança pública sem que haja perda de liberdade?’, com seu relato sobre viagem ao país oriental, reconhecido por práticas totalitárias que cerceiam a liberdade individual. “Dados não oficiais indicam que, somente em 2018, 200 milhões de câmeras de monitoramento, várias delas com grande capacidade de reconhecimento facial, foram instaladas no país – cuja média nacional é de uma câmera para cada grupo de sete habitantes. Eu, particularmente, estou convencida de que, a partir de um amplo debate público, deveria ser instalado algum sistema de reconhecimento facial no Rio, para, por exemplo, prevenir a prática de diversos crimes, economizar com policiamento ostensivo e localizar pessoas com mandados em aberto”.
 
A última palestra do dia foi proferida por Fabro Boaz Steibel, afiliado ao Berkman Klein Center, na Universidade de Harvard, e um dos diretores do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio). Sua apresentação foi desenvolvida a partir da questão: ‘E se não houvesse dinheiro? Lições do ecossistema de pagamento digital chinês’. Um dos pontos abordados foi o AliPay, um serviço que atua como intermediário nas compras e vendas. Ele retém o dinheiro pago pela mercadoria, e só o entrega ao vendedor depois que o comprador recebe o produto e confirma que tudo deu certo na transação comercial. “Os chineses não dispõem de troco, não sabem como agir diante do dinheiro em espécie. Além disso, desenvolveram um sistema de pagamentos personalizado, intimamente ligado à identidade de cada um”, descreveu, lembrando que o Ministério Público tem posição estratégica e peculiar no acesso a dados como os de movimentação financeira, tendo grande responsabilidade sobre o uso de tais informações.

iep mprj
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