Notícia
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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Força-Tarefa do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o caso Marielle Franco e Anderson Gomes (GAECO/FTMA), obteve a condenação do ex-policial militar Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha, e da advogada Camila Nogueira por obstrução das investigações. Eles foram condenados a quatro anos e seis meses de prisão, em regime fechado. O GAECO/FTMA recorreu da sentença, para aumentar a pena imputada a cada um dos réus.
Ferreirinha e a advogada Camila Nogueira foram denunciados pelo GAECO/MPRJ em 13 de junho de 2019. A decisão foi proferida pelo Juízo da 28ª Vara Criminal da Capital, em abril deste ano.
De acordo com a denúncia, Ferreirinha acusou o ex-pm Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, de ter planejado a morte de Marielle e de seu motorista Anderson Gomes, com a ajuda do vereador Marcello Siciliano. A advogada foi a responsável por orientar a farsa que, segundo a denúncia do GAECO/MPRJ, atrasou por meses o rumo das investigações.
Foi revelado que Ferreirinha articulou a trama porque temia ser morto por Curicica que, à época dos fatos, era líder de uma organização criminosa conhecida como “Bonde do Jow”. Ferreirinha era o responsável por gerenciar a exploração de “gatonet” na região conhecida como “Campo do Merck”, no bairro de Curicica, em Jacarepaguá. Ele foi expulso desta milícia após desentendimento com Curicica.
Segundo a denúncia, quando foi preso em outubro de 2017, por outro crime, Curicica atribuiu a sua prisão à possível traição de Ferreirinha, e passou a ameaçá-lo de morte. A trama foi articulada com o objetivo de fazer com que Curicica fosse transferido do sistema penitenciário fluminense para o federal, a fim de dificultar o envio de ordem para assassiná-lo.
De acordo com as alegações finais apresentadas pelo GAECO/FTMA à Justiça, em junho de 2023, Ferreirinha também tinha interesse de manter o poder e a ingerência sobre as áreas de sua atribuição e restabelecer a influência exercida sobre os demais integrantes da organização criminosa.
A inicial da ação penal, que resultou na condenação dos denunciados, ressalta que as falsas informações apresentadas pelos réus à Delegacia de Homicídios da Capital e, em momento anterior, à Polícia Federal do Rio de Janeiro, criaram embaraços à investigação pela busca dos verdadeiros executores e demais envolvidos com a organização criminosa. Ao ser interrogado, em fevereiro de 2019, após a deflagração da operação Nevoeiro, Ferreirinha confessou ter mentido sobre o suposto diálogo entre Orlando Curicica e Marcello Siciliano, que envolveria ambos no caso Marielle e Anderson.
Em 24 de março de 2024, o GAECO/FTMA, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República deflagraram a operação Murder Inc., que prendeu os autores intelectuais do crime. Os executores do crime foram denunciados pelo GAECO/MPRJ, em março de 2019, e seguem presos.
A Força-Tarefa para o Caso Marielle e Anderson foi criada no ano de 2021, pelo procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos.
Por MPRJ
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